Ainda pouco eu fiz um post sobre uma decisão do judiciário paraense que proíbe que O Liberal, Diário do Pará e Amazônia publiquem fotos de pessoas vítimas de acidentes e mortes brutais que possam implicar em ofensa à dignidade humana e ao respeito aos mortos.
É claro que esse tipo de publicação eleva os hormônios dos jornalistas de plantão. Alguns relembram a ditadura, outros a censura, os pésimos salários e etc e tal. Mas o que não rola é ficar criticando o leitor de plantão e acusar o mesmo de ser o maior causador de publicações que possam ‘implicar em ofensa à dignidade humana’.
Nada contra a publicação, mas não concordei com alguns comentários a respeito dos paraenses. Uma assessora de Imprensa-Interamerican – SP, Ana Lúcia Bertolani, comentou no post dizendo que “Agora sobre o Pará, onde impera a lei do mais forte, polícia não tem mais poder que os capangas dos grandes coronéis e são eles que fazem a lei. Isso explica o sucesso das “páginas vermelhas”. A população vê o cadáver ilustre exposto e se sente meio que “vingada”.
Vou publicar aqui a minha resposta à esse comentário:
Juliane Oliveira [17/04/2009 – 18:11]
(Estudante)
Ana Lucia, sou paraense e nao me interesso por esse tema. É lamentavel que vc, como jornalista pense isso do povo do Pará. As pessoas vendem, mas não compramos sangue. Eu mesma, enquanto estagiária de uma redação no interior do estado, desisti porque não aguentava mais tanto sangue na minha frente – prefiro falar de gente viva. E quanto aos coronéis do Pará, acho que você deve ter cometido algum erro geográfico. Temos problemas com o povo armado, temos. Mas nao são os fazendeiros que nos metem medo, sim os traficantes, tão qual o povo do Rio e etc e tal. Um problema que é do Brasil, e não só do Pará. Claro que o comentário do chefe de reportagem do jornal O Liberal foi idiota, extremamente idiota, o que mostra que ele nao conhece seus leitores.
E caro Paulo Rogério, respondendo a sua pergunta: não. Não será o fim dos jornais paraenses. E sabe por que? Porque pessoas estão sendo qualificadas pra assumirem esses lugares…
Fim do comentário
Em seguida, um produtor da TV RECORD – PA (TV RECORD BELÉM), César Modesto, comentou:
Cesar Modesto [17/04/2009 – 21:13]
(Produtor)
Bem… é verdade que os jornais daqui exageram na hora de escrever, fazer títulos “engraçadinhos”e em expor imagens que ferem a dignidade humana. Eu concordo com a Justiça, mas…
Também é verdade que a imprensa é, em geral, sensacionalista – caso contrário as revistas de fofoca, celebridades e besteirol de todo o tipo teriam falido há tempos.
E também é verdade que o jornalista é limitado à política editorial da empresa jornalística onde trabalha, o que significa que ele não é obrigado a concordar com o que está fazendo. No entanto, precisamos comer.
Não somos apenas nós um bando de ignorantes que só quer ver sangue. E violência tem em todo o lugar. O problema é cultural. Se nos jornais das outras regiões não há caderno policial ou não há fotos iguais as daqui, isso não significa que a violência não exista. Pelo contrário.
O cinema brasileiro, pelo menos, mostra essa violência muuuito bem – já ganhou até prêmios por aí. E ninguém se incomoda.
Cesar Modesto, jornalista
Fim do comentário
O que é pior: a censura ou a falta de conhecimento da realidade que nos cerca por jornalistas??